Imagem: Pixabay
De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca),
o tumor de colo do útero atinge mais de 16 mil mulheres no Brasil por ano, o
que já faz dele o terceiro tipo de câncer mais incidente entre a população
feminina. A doença é silenciosa e, por isso, em cerca de 35% dos casos acabam
levando à morte.
A preocupação acerca dos crescentes índices da doença
aumenta quando analisado o principal causador da condição: o contágio pelo
chamado papilomavírus humano – conhecido como HPV. “Mais de 100 subtipos de HPV
já foram descritos, alguns deles têm maior potencial de causar o câncer”, diz a
médica oncologista do Grupo Oncoclínicas no Rio de Janeiro, Andréia Melo.
Mais comum tipo de infecção sexualmente transmissível em
todo o mundo, o vírus HPV atinge de forma massiva as mulheres. Segundo o
Ministério da Saúde, 75% das brasileiras sexualmente ativas entrarão em contato
com o HPV ao longo da vida, sendo que o ápice da transmissão do vírus se dá na
faixa dos 25 anos. Após o contágio, ao
menos 5% delas irão desenvolver câncer de colo do útero em um prazo de dois a
dez anos, uma taxa que preocupa os especialistas.
“A cada ano, mais de 500 mil mulheres são diagnosticadas com
câncer de colo do útero no mundo. Cerca de 300 mil óbitos ao ano são atribuídos
a essa doença, o que configura um desafio na saúde mundial, apesar de se tratar
de uma doença prevenível. Aproximadamente, 90% dos casos ocorrem em países
pobres ou emergentes, sobretudo por estratégias de implementação vacinal e
programas de rastreio populacional inadequados. A mortalidade nesses países é
cerca de 18 vezes maior que em países desenvolvidos. No Brasil, a taxa de
mortalidade ajustada para a população mundial é de 4,70 óbitos para cada 100
mil mulheres”, revela Michelle Samora, oncologista do Grupo Oncoclínicas.
Segundo ela, esse tipo de infecção genital é muito
frequente, o que pode ocasionar alterações celulares no corpo da mulher,
evoluindo para um tumor maligno. “O processo de oncogênese do HPV consiste em
algumas etapas principais: infecção pelo HPV de alto risco oncogênico, acesso
do vírus ao epitélio metaplásico na zona de transformação do colo do útero,
persistência da infecção com integração do genoma viral ao DNA da célula
hospedeira. A partir daí, o vírus passa a expressar suas proteínas relacionadas
ao câncer, promovendo a imortalização celular. Como consequência, a depender da
condição de cada indivíduo, ocorrerá o aparecimento das lesões precursoras ou
mesmo o câncer”, explica.
Para Michelle, a prevenção é um dos principais aliados no
combate ao câncer de colo do útero. “A vacinação contra o HPV representa a
melhor forma de prevenção primária. Ela resulta numa resposta imune 10 vezes
mais eficiente que a viral e está disponível contra os seguintes subtipos:
vacina bivalente contra HPV 16 e 18; vacina quadrivalente contra HPV 6,11,16 e
18; e a vacina nonavalente, que inclui mais 5 subtipos oncogênicos os 31, 33,
45, 52 e 58. Todas as vacinas possuem
soroconversão próximas a 100%. A duração total da proteção ainda é incerta,
estima-se aproximadamente nove anos; porém, estudos matemáticos indicam alta
concentração de anticorpos por no mínimo 20 anos”.
Em complemento à prevenção primária, a médica destaca os
exames periódicos para detecção da doença. “Quando diagnosticado precocemente,
é possível que haja uma redução de até 80% de mortalidade por este câncer.
Considerando que o tumor de colo do útero é uma doença com sintomas
silenciosos, muitas vezes as mulheres perdem a chance de descobrir a condição
ainda na fase inicial. Sempre aconselho as mulheres a realizarem os exames como
o Papanicolau periodicamente, para que aumentem as chances de a doença ser
diagnosticada precocemente”, explica.
Segundo Andréia, a conscientização da vacina contra o HPV é
fundamental para a saúde de meninos e meninas e ainda ajuda a prevenir outros
tumores: “É importante dizer que a vacina contra o HPV protege também contra os
demais tumores HPV relacionados (vulva, vagina, canal anal, alguns subtipos de
tumores de cabeça e pescoço). A vacina é segura e está disponível no SUS para
meninas e meninos. São duas doses com intervalo de seis meses entre elas”,
esclarece a médica.
Fique atento aos primeiros sinais
O tumor ocorre quando as células que compõem o colo do útero
sofrem agressões causadas pelo HPV. Os primeiros sinais aparecem por meio de
sangramento vaginal, corrimento e dor na pelve.
Quando a doença já está em um estágio mais avançado, a
mulher pode apresentar um quadro de anemia devido à perda de sangue, além de
dores nas pernas, nas costas, problemas urinários ou intestinais e até perda de
peso sem intenção. “Os sangramentos podem ocorrer durante a relação sexual,
fora do período menstrual e em mulheres que já estão no período da menopausa”,
diz a oncologista Michelle.
Quando detectado, os procedimentos para o tratamento do
câncer são cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia. “A cirurgia pode
consistir na retirada do tumor ou na retirada do útero, o que pode
impossibilitar a mulher de engravidar. Para os estágios mais avançados da
doença, são recomendados os tratamentos de radioterapia e quimioterapia”,
finaliza.
Fonte: Notícias ao Minuto
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