Um "irmão" do novo coronavírus que surgiu na China
e infectou centenas de pessoas mundo afora é alvo de estudos no Laboratório de
Virologia Animal da Unicamp, em Campinas (SP). Variações dessa mesma família
são encontradas em morcegos comuns no Brasil, e tal conhecimento pode ajudar
caso, no futuro, esses agentes infecciosos sofram mutações e passem a circular
e adoecer seres humanos.
Doutor em genética e biologia molecular, Paulo Vitor Marques
Simas analisou um coronavírus similar ao 2019-nCov identificado na China,
encontrado em morcegos na cidade de Campinas, e explica que não há qualquer
relação entre os agentes. "São da mesma família, mas não da mesma
espécie."
Segundo o pesquisador, uma característica desse tipo de
agente viral (coronavírus) é que ele é de uma família com maior capacidade de
sofrer mutações, e são essas "adaptações" que fazem com que ele se
torne capaz de infectar uma espécie diferente daquela em que habitava - no caso
dos morcegos, por exemplo, eles são reservatórios desses vírus e possuem uma
relação harmoniosa com eles.
"Para o vírus, é como se fosse ganhar na loteria. Ele
muda e tem a oportunidade de se associar a outro animal ou ao ser humano",
compara.
Os casos passam a ser mais graves para a saúde humana quando
a infecção deixa de ser acidental e é constatada a transmissão de humano para
humano, como é o caso do 2019-nCov. "O risco de epidemia existe quando há
esse tipo de transmissão. Em alguns casos, o humano pode até ser infectado pelo
vírus por ter tido contato ou consumido o animal reservatório, mas não
transmite para outras pessoas."
Integrante do Instituto de Biologia da Unicamp, o doutor
ressalta que nós já convivemos com diversos tipos de coronavírus. No Brasil,
pelo menos duas espécies circulam entre os humanos e causam resfriados brandos,
geralmente no período mais seco e frio do ano, além de infecções intestinais.
Fonte: G1
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