Foto: Acervo/JC online
Maior fabricante de jeans do Brasil, o Polo de Confecções de
Pernambuco precisa comprar o denim produzido em São Paulo, Minas Gerais e Ceará
(principalmente) para garantir a confecção de 54 milhões de peças de jeansware
por ano. A despesa com frete e ICMS de fronteira faz com que o tecido chegue
mais caro por aqui, além de muitas vezes as indústrias destinarem o refugo para
o Nordeste. Esse problema vai começar a ser resolvido com o anúncio da primeira
indústria de tecido a se instalar na cidade de Toritama, conhecida como a
“Terra do Jeans”.
Nesta quinta (26), durante a 109ª reunião do Conselho
Estadual e Políticas Industrial, Comercial e de Serviços (Condic), foi aprovado
crédito presumido de ICMS de 90% para a fábrica Roma Jeans, em Toritama
(Agreste). Braço do grupo Asa Branca Urbanismo – dono do Shopping Center Parque
das Feiras –, a Roma Jeans vai receber investimento de R$ 75 milhões e gerar
254 empregos na primeira etapa. A previsão dos executivos é começar as obras em
março de 2020 e entrar em operação um ano após o início da construção.
O projeto do empreendimento prevê três fases: a primeira é
ter capacidade para fabricar 1 milhão de metros de jeans por mês, a segunda é
aumentar essa capacidade para 2 milhões de metros de jeans e a terceira é
começar o processo de fiação. Num primeiro momento, enquanto a indústria não
estiver verticalizada, o fio será adquirido nos mercados de Pernambuco, Paraíba
e Sergipe. O jeans é feito a partir do denim (tecido obtido após trançar fios
de algodão). O investimento completo nas três etapas será de R$ 200 milhões,
com abertura de 500 postos de trabalho.
Mesmo com uma grande capacidade de produção, a Roma Jeans
vai suprir apenas parte do consumo de tecido do Polo de Confecções, que se
aproxima de 4,5 milhões de metros por mês. “Um dos nossos diferenciais será ter
um tecido mais barato e com alta qualidade. Isso porque com a produção local
vamos evitar o frete interestadual e o ICMS de fronteira. Além disso, vamos
driblar um produto de menor qualidade, uma espécie de refugo que chega por
aqui”, observa o empresário Adelson Barbosa, dono da Asa Branca Urbanismo, que
controla a Roma Jeans.
O empresário conta que ia levar a fábrica para Ribeirópolis,
no interior do Sergipe, e que chegou a registrar a indústria lá com o nome
Sergipe Indústria Têxtil Ltda., mas o governo de Pernambuco captou o
empreendimento de volta. “O incentivo fiscal era melhor, mas como Pernambuco
ofereceu proposta semelhante decidimos ficar aqui por conta da proximidade com
o Polo de Confecções”, reforça Barbosa, dizendo que em Ribeirópolis o crédito
presumido de ICMS seria de 93% e que em Toritama ficou em 90%. A empresa já
tinha até assinado contrato de financiamento com o Banco do Nordeste, que vai
emprestar o equivalente a 90% do valor do negócio.
Quando começar a construção da Roma Jeans, a projeção é
gerar 350 empregos. Depois, na operação, será necessária a contratação de profissionais
das áreas de administração, logística e operação de produção. Na terceira fase,
quando começar a fiação, será necessário o profissional da tecelagem. “Estamos
em contato com o Sistema S para avaliar a possibilidade de realizar essa
qualificação dentro da fábrica. Hoje, o Senai tem o curso de tecelão na unidade
de Paulista”, diz Barbosa.
Retomada do Polo Têxtil
A indústria têxtil já chegou a ser, junto com a
cana-de-açúcar, o setor mais importante do Estado. As primeiras unidades
começaram a aparecer no século 19. Depois ganhou força nas décadas de 30, 50 e
60 dos anos 1900. Na década de 70, começou o declínio, por conta da crise da
praga do bicudo, que afetou o plantio do algodão no Nordeste. Este ano,
acontece um movimento de volta da atividade a Pernambuco. Além da Roma Jeans,
também anunciaram investimento o grupo cearense Santana Textiles, com aporte de
R$ 100 milhões e 545 empregos em Bezerros e a Bandeirante Têxtil, em Limoeiro.
Na 109ª reunião do Condic foram aprovados 25 projetos
privados, que vão aportar R$ 273 milhões em investimentos e gerar 651 novos
postos de trabalho. No acumulado de 2019, o Condic realizou seis reuniões, em
que foram aprovados 118 projetos, contabilizando R$ 693 milhões e a geração de
3.138 empregos.
Fonte: NE 10
Tags: #economia #toritama #sulanca #jeans #pernambuco
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