A perturbação de ansiedade é um transtorno mental frequente
(a OMS estimou em 2017 que cerca de 264 milhões de pessoas em todo o mundo
sofrem de algum tipo de transtorno de ansiedade) que pode persistir durante
longos períodos de tempo levando a pessoa a assumir esse estado como normal e a
não procurar tratamento.
"A ansiedade é uma reação normal a uma ameaça ou
pressão psicológica e desempenha um papel fundamental na nossa sobrevivência.
No entanto a ansiedade passa a ser uma perturbação quando ocorre frequentemente
e em situações indevidas, interferindo com o quotidiano e a qualidade de
vida", explica a psicóloga Alexandra Rosa num artigo de opinião que
partilhou com o Lifestyle ao Minuto.
Quando se vive com ansiedade sente-se um medo indefinido e
constante, um desconforto em vários locais e/ou situações sociais, pensamentos
ruminativos e obsessivos dos quais não se consegue libertar. Este nervosismo
exacerbado bloqueia e impede frequentemente a tomada de decisão, a realização
de projetos ou simplesmente usufruir de pequenos grandes momentos de satisfação
e prazer ao longo do dia.
Um transtorno de ansiedade pode ter início em eventos de
vida stressantes como um problema laboral, o fim de uma relação, a exposição a
um acidente ou a uma doença. Pode por outro lado ser um funcionamento
psicológico presente desde sempre, fruto de ambientes familiares rígidos,
culpabilizantes ou excessivamente ansiogénicos. O seu princípio pode ser súbito
ou gradual no decurso de dias. Pode manifestar-se com diferentes intensidades
assumindo desde uma forma de angústia quase imperceptível até um assustador
ataque de pânico. Tudo passa a ser importante ao mesmo nível e ao mesmo tempo,
até a pequenas insignificâncias podem ter o tamanho do mundo, esmagando a
capacidade de viver tranquilamente. Vive-se no futuro e não no presente,
receia-se o que aí vem, tenta-se prever, catastrofizar, preparar-se para os
diferentes cenários negativos possíveis.
Não se consegue viver simplesmente o
agora, nem se assume que o que virá vai ser bom e vai correr bem.
Este estado constante de ansiedade leva a sentimentos de
incapacidade, descrença nas próprias habilidades para lidar com a vida e os
seus naturais obstáculos. E então o corpo a cede sob a forma de somatizações,
como que a gritar um intenso desconforto interno. Surgem palpitações, náuseas,
falta de ar, problemas gastrointestinais, dormência das mãos, da cara, das
pernas, problemas de pele ou de queda de cabelo e ainda dores diversas.
É importante não deixar que estes estados mentais se
prolonguem ao longo do tempo sem procurar ajuda! O tratamento psicológico
associado ao tratamento farmacológico tem a capacidade de melhorar de forma
muito significativa a angústia e as somatizações, resgatando o equilíbrio
emocional.
Sobre a autora
Alexandra Rosa é psicóloga especialista em psicologia
clínica, da saúde e educacional com experiência de mais de 20 anos de trabalho
com adultos e idosos nas problemáticas relacionais, estados
depressivos/ansiosos e ainda na área da mediação familiar e escolar.
Fonte: Notícias ao Minuto
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