O secretário de Segurança Pública do Distrito Federal,
Anderson Torres, foi alvo de ameaças de um membro de facção criminosa que se
encontra preso no Complexo Penitenciário da Papuda.
O Metrópoles apurou
que o detento é integrante do Comboio do Cão.
Segundo fontes ligadas à investigação do caso na Polícia
Civil (PCDF) e no Departamento Penitenciário Nacional (Depen), as ameaças foram
forjadas para que o detento conseguisse ser transferido ao presídio federal. No
local, estão presos integrantes de outra facção criminosa, o Primeiro Comando da Capital (PCC). Entre os detidos da
unidade prisional federal, está Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola –
líder do PCC.
Torres confirmou ao Metrópoles, nesta
sexta-feira (10/01/2020), ter sido informado das ameaças e que, por isso, irá
“reforçar a segurança pessoal”. “Eu fiquei sabendo, mas não estou por dentro
dos detalhes. Vamos apurar direitinho, saber quem foi que fez isso e
responsabilizá-lo”, disse o secretário.
O Comboio do Cão surgiu no Recanto das Emas, mas expandiu a
atuação para Santa Maria e Gama. Além de tráfico e homicídios, o grupo é
acusado de roubos e rufianismo, que consiste em obter lucro por meio da
exploração de prostituição alheia.
O bando age, inclusive, dentro de presídios. Em outubro do
ano passado, a facção foi alvo de megaoperação da PCDF que resultou na prisão
de 49 integrantes.
Mais autoridades ameaçadas
A ameaça vem à tona na semana em que foi deflagrada a Operação Guardiã 61. A ação policial mostrou que a célula
do PCC no DF chegou a ameaçar policiais e juizes. De acordo com a investigação
coordenada pela Divisão de Repressão a Facções Criminosas (Difac), informações
pessoais das autoridades que combatem a facção foram divulgadas pelos
criminosos.
Com a transferência da alta cúpula do PCC para Brasília, a
Polícia Civil intensificou as investigações a fim de coibir a instalação de
células criminosas na capital.
Inicialmente, os investigadores tiveram acesso a bilhetes
com ameaças a uma magistrada do DF. “Essa ameaça comprova a existência da
facção no Distrito Federal e, inclusive, a presença dos chamados “gravatas”:
advogados responsáveis por transmitir as ordens de dentro para fora dos
presídios”, explicitou o delegado-chefe da Difac, Guilherme Sousa Melo.
Com o decorrer das apurações, até mesmo os investigadores
entraram na mira dos criminosos. Delegados envolvidos na operação tiveram fotos
divulgadas entre os faccionados e receberam ameaças.
Rafaela Felicciano/Metrópoles
Rafaela
Felicciano/Metrópoles
Rafaela
Felicciano/Metrópoles
Michael Melo/Metrópoles
Delegados Guilherme Melo, Difac, à esquerda, e Leonardo de
Castro, Cecor, à direita Rafaela Felicciano/Metrópoles
Segundo os investigadores, a célula da organização criminosa, tinha ao menos 30
integrantes e atuava praticando crimes como roubos e tráfico de drogas. O
grupo, composto por advogados, presidiários e egressos do sistema prisional, se
dividia em núcleos específicos de atuação.
Uma parte se dedicava às práticas criminosas e outra tentava
estabelecer condições para o desenvolvimento e a consolidação do grupo na
capital federal, uma vez que a alta cúpula da facção está presa no Presídio
Federal de Brasília, inclusive seu líder máximo.
Ao longo de um ano de investigação, foram identificados
integrantes distribuídos estrategicamente em setores de atuação, com o auxílio
de advogados, presidiários e egressos do sistema prisional, os quais praticam o
tráfico de drogas e armas, roubos e ameaças a autoridades.
Com informações do Metrópoles
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