Foto: Alan Santos/PR
Nova Delhi - O presidente Jair Bolsonaro faz a primeira
viagem internacional à Índia, com roteiro da visita oficial entre os dias 24 e
27 de janeiro. A expectativa dos
organizadores da primeira visita de Estado de um presidente brasileiro ao país
asiático desde 2004 é de assinarem de 10 a 12 acordos que estão sendo
costurados pelos técnicos dos dois países.
Um dos anúncios, de
acordo com a secretária para o Ocidente do ministério das Relações Exteriores
da Índia, Vijay Thakur Singh, será o apoio indiano para a candidatura do Brasil
para ocupar o assento não-permanente do Conselho de Segurança da Organização das
Nações Unidas (ONU). "Estamos
trabalhando em conjunto sobre como avançar na agenda das Nações Unidas e, neste
ano, o Brasil tem o nosso apoio como candidato para 2022-2023 para membro não
permanente do Conselho de Segurança", afirmou a secretária nesta
quinta-feira (23).
O Conselho de Segurança da ONU é composto por 15 membros,
sendo cinco permanentes com poder de veto. São eles, Estados Unidos, França,
Reino Unido, Rússia e China. Nos governos petistas, o país tentou, sem sucesso,
tornar-se membro permanente, e, não tem demonstrado o mesmo empenho atualmente
para essa candidatura. Contudo, fontes do Itamaraty informam que o país não
desistiu do pleito de ser um membro com poder de veto no Conselho.
Brasil e Índia são membros do G4, aliança firmada em 2005
entre Alemanha, Brasil, Índia e Japão com o objetivo de apoiar as propostas uns
dos outros para ingressar em lugares permanentes.
A campanha para obter um assento rotativo no grupo começa
dois anos antes. E, para garantir uma vaga, é preciso ter apoio dos países
vizinhos da América Latina e também dois terços dos votos dos países membros da
ONU. A próxima eleição ocorrerá em 2021 para o biênio 2022-2023. A última vez
que o país ocupou essa cadeira foi no biênio 2010-2011, mas atual candidatura
não é um mérito do governo atual, porque ela foi costurada durante a gestão do
presidente Michel Temer, e, com isso, o Brasil antecipou o seu retorno em mais
de dez anos para colegiado.
A secretária informou que os investimentos da Índia no
Brasil somam US$ 6 bilhões enquanto os investimentos brasileiros na Índia somam
US$ 1 bilhão. "Os dois países possuem complementaridades e sinergias que
podem ser ampliados. Acreditamos que o potencial de investimentos é muito
maior", destacou.
Foco em energia
A comitiva presidencial que acompanha o presidente é
composta por oito ministros e quatro parlamentares, segundo Vijay. Ela informou
que vários acordos estão sendo costurados em diferentes áreas, mas uma que a
Índia tem mais interesse em aumentar a parceria com o Brasil é a de
energia. 'O Brasil é um país rico em
recursos naturais e líder na produção de etanol. Vamos buscar ampliar a
colaboração nos setores de óleo e gás e no programa de energia renovável. O
programa brasileiro traz a possibilidade de misturar etanol com gasolina e
pretendemos fazer um intercâmbio dessa tecnologia", explicou.
Ao detalhar a agenda da visita que começa amanhã (24), a
secretária lembrou que o presidente Bolsonaro, teve dois encontros com o
primeiro-ministro da Índia, Narendra
Modi, em 2019. O primeiro, em Osaka, no Japão, durante o encontro dos
países membros do G20 (grupo das 19 maiores economias desenvolvidas e
emergentes do planeta mais a União Europeia), em outubro, e o segundo, em
Brasília, durante a Cúpula dos Brics (grupo dos emergentes Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul), em novembro. O encontro durou apenas 25 minutos
e houve a promessa de Bolsonaro retribuir a viagem neste mês.
Roteiro
Bolsonaro embarcou hoje por volta das 8h (horário de
Brasília) com destino à Índia e fará duas paradas no caminho. O fuso horário
entre os dois países é de 8 horas e meia. A primeira será em Angola e a
segunda, no Quênia.
O desembarque do presidente está previsto para às 15h45
(horário local) e os compromissos oficiais estão previstos para o sábado (25),
incluindo visita ao Memorial Mahatma Gandhi, pela manhã, e declaração conjunta
de Bolsonaro e Modi no início da tarde, na Hyderabad House, local em que o
governo indiano recebe autoridades estrangeiras e realiza banquetes.
De acordo com a Secretaria de Comunicação do Palácio do
Planalto integram a comitiva de Bolsonaro seis ministros, o presidente da
Caixa, Pedro Guimarães, e parlamentares, incluindo o filho 03 do presidente, o
deputado federal Eduardo Bolsonaro.
Os ministros confirmados são os seguintes, Ernesto Araújo,
das Relações Exteriores; Tereza Cristina, da Agricultura; Marcos Pontes, da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, General Heleno, do Gabinete de
Segurança Institucional (GSI), General Heleno; Luiz Eduardo Ramos, da
Secretaria de Governo; e Bento Albuquerque, de Minas e Energia (MME).
O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, está em férias até
o dia 3 e, portanto, não participa da viagem e deverá ser representado pelo seu
substituto, José Vicente Santini. O ministro da Economia, Paulo Guedes, que
poderia se juntar ao presidente após participar do Fórum Econômico Mundial
(WEF, na sigla em inglês), em Davos, na Suíça, também não teve a presença
confirmada. Apenas o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos
Internacionais da pasta, Marcos Troyjo, foi confirmado pelo Planalto.
No domingo, o presidente participa das celebrações do Dia da
República indiana como convidado de honra e, na segunda-feira, de um seminário
empresarial Brasil-Índia, pela manhã, e, à tarde, pegará um voo para Agra, onde
fará uma visita ao palácio Taj Mahal,um dos maiores cartões postais do país.
Agricultura
O setor agrícola também deve ter destaque na visita do
presidente. A ministra Tereza Cristina
tem uma agenda cheia. Ontem, se encontrou com a ministra de Indústria e
Processamento de Alimentos da Índia, Harsimrat Kaur Badal, e o ministro da
Pesca, Pecuária e Lácteos, Giriraj Singh. No encontro discutirá oportunidades
de investimentos de investimento de empresas brasileiras no setor de
processamento de alimentos do país asiático.
Os indianos buscam recursos externos para cadeias de frios e
redes de varejo, máquinas e equipamentos para indústria de alimentos e
cooperação tecnológica. Já o Brasil demonstrou interesse em ampliar a
participação no setor de carne de frango, e a Índia, em sucos concentrados,
informou a assessoria do ministério brasileiro. Nesta quinta-feira, a ministra
participa de encontro bilateral sobre oportunidades nas áreas de energia e de
mineração.
Fonte: Diário de Pernambuco
Tags: #índia #candidatura #brasil #onu
Nenhum comentário:
Postar um comentário