Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
O brasileiro que vive em favelas está otimista com a chegada
deste ano, segundo a pesquisa Sonho da Favela 2000, apresentada nesta
quinta-feira (2) à Agência Brasil. O levantamento mostrou que oito em cada dez
pessoas que vivem em favelas no país (81% do total de entrevistados) acreditam
que a vida vai melhorar em 2020, sendo que 36% acredita que a melhoria será
significativa. Do total de pessoas entrevistadas, 74% disse estar feliz,
atribuindo notas entre 8 e 10 para a sua felicidade.
O otimismo inclui vida financeira e familiar para oito em
cada dez moradores. E 76% acredita em melhorias na vida profissional também. As
expectativas, segundo eles, não dependerão de governos, mas de esforço próprio:
64% do total de entrevistados afirmam que a melhoria de vida depende de si
mesmo, enquanto apenas 5% deles atribuem ao governo federal a mudança.
maior sonho desses moradores é ter uma casa própria,
resposta dada por 21%, seguida por saúde (20%). Ainda entram na lista a chance
de ter um negócio próprio (7%), de conseguir um emprego (6%) e de ter sucesso
profissional (6%). A maior dificuldade para a realização destes sonhos é a
questão financeira: 67% dos entrevistados aponta a falta de dinheiro como maior
problema para a realização de seus sonhos. Apesar disso, 52% dos entrevistados
têm certeza de que vão conquistar o que desejam.
Profissionalmente, o principal sonho revelado pelos
entrevistados foi o de ter um negócio próprio (35%), seguido por passar em
concurso público (12%), conseguir um emprego (10%) e ter uma profissão (9%).
Comunidade
Em relação à comunidade, o princial anseio foi a garantia de
segurança (30%), seguida por mais infraestrutura (17%), mais acesso à saúde
(12%), mais respeito para os moradores (12%) e opções de lazer (10%). No
entanto, apenas 28% dos entrevistados acredita que é realmente possível que
estes sonhos se realizem.
As pesquisas Sonho da Favela 2000 e Favelas Brasileiras,
desenvolvidas pelos institutos Data Favela e Locomotiva, foram realizadas entre
os dias 8 e 18 de dezembro, com 2.006 pessoas em 63 favelas nas cinco regiões
do país.
Segundo o levantamento, o Brasil tem 13,6 milhões de pessoas
vivendo em favelas. Nove em cada dez moradores de favelas do Brasil (89% do
total) vivem em regiões metropolitanas. Se as favelas formassem um estado, elas
seriam o quinto estado do Brasil em termos de população. As regiões Norte e
Nordeste do país são as que concentram o maior percentual de pessoas vivendo
nessas condições.
Metade dessas favelas (49% do total) são chefiadas por
mulheres. Em 62% dos lares, a família é composta por casais com filhos e em 21%
dos casos ela é composta por mães solteiras.
Internet
A pesquisa mostrou ainda que os moradores de favelas no
Brasil estão conectados. A grande maioria dos jovens (97% do total) acessam a
internet regularmente. Entre os adultos, o uso de internet ao menos uma vez por
semana atinge 86%.
De acordo com o levantamento, 29% dos moradores de favela
estão conseguindo alguma renda por meio de aplicativos.
Finanças
Apenas dois em cada dez moradores de favelas do país têm
algum tipo de reserva financeira, como poupança. Nas classes altas, por outro
lado, isso alcança 62% das pessoas. Nas favelas brasileiras existem 4,1 milhões de pessoas com vontade de empreender. Entre os que pretendem abrir o próprio negócio, 58% quer fazê-lo dentro da favela.
Jovens
A maior parte dos jovens de periferias do Brasil estudam em
escola pública (94%) e nunca fizeram um curso de idioma (98%). A maior parte
deles também (79%) nunca recebeu qualquer tipo de qualificação profissional.
Eles também tem pouco acesso à cultura: apenas 5% dos jovens de periferias foi
ao cinema no último mês e apenas 4% esteve em um museu ou a alguma exposição no
último ano.
Fonte: Folha PE
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