Imagem: Divulgação
Era o primeiro fim de semana do ano novo quando o assessor
legislativo Eliseu de Oliveira Neto, de 41 anos, e o namorado dele, o estudante
de ciências da natureza Ygor Higino, 23, tiveram que interromper as férias no
Recife.
Desde a madrugada do último sábado, quando foi expulso de um
carro por um motorista de aplicativo após “trocar um carinho”, o casal, que
mora em Brasília, precisou cancelar os planos de visitar outros lugares
próximos, como João Pessoa e Porto de Galinhas, para denunciar o condutor do
veículo por homofobia.
O secretário parlamentar conta ainda que, na confusão, foi
empurrado duas vezes por um policial militar. O caso será investigado pela
polícia.
“Um momento em que a gente podia estar se divertindo,
fazendo algo junto, mas tem que correr atrás de burocracia. É cansativo”,
desabafa Ygor. Nesta segunda-feira, Eliseu prestou queixa na Delegacia da Boa
Vista, no Centro da Capital. Por meio de nota, a Polícia Civil informou que
abriu um inquérito para apurar a denúncia.
A Folha de Pernambuco entrou em contato com o delegado Breno
Varejão, que será o responsável pela investigação, mas, até o fechamento da
edição, não obteve retorno.
A Secretaria de Defesa Social (SDS) disse que até ontem eles
não compareceram no órgão para prestar queixa contra o efetivo, mas que a
Corregedoria está à disposição para receber a denúncia e instaurar investigação
preliminar caso haja evidências suficientes.
No último sábado, eles saíram de uma boate quando
solicitaram o serviço de transporte pelo aplicativo 99. Eles estavam na rua das
Ninfas, no bairro da Boa Vista, e iam para a casa de uma amiga, onde estão
hospedados, em Piedade, Jaboatão.
Os dois entraram no carro por volta das 3h e, de acordo com
o assessor legislativo, e, quando chegaram à avenida Conde da Boa Vista, o
motorista parou o carro. “Ele (Ygor) fez uma brincadeira e um carinho em mim. O
cara cancelou a corrida, ficou bravo e falou: ‘Não quero isso no meu carro’.
Eu saí, tirei uma foto da placa do carro e disse que ia
fazer uma denúncia por homofobia”, lembra Neto.
O condutor viu uma viatura e resolveu chamar um policial.
“Ele veio falar comigo de uma maneira muito agressiva e estava sem
identificação. Pedi para ele dizer o que estava acontecendo, ele me empurrou e
caí no chão. Levantei e disse que aquilo era um absurdo e ele não podia me
tratar daquela maneira. Ele me empurrou de novo e eu falei em irmos para a
delegacia.
Outro agente viu que não ia dar certo, tirou ele e foram
embora. Meu namorado começou a chorar”, relata. Depois da confusão, Eliseu e
Ygor solicitaram um transporte de outro aplicativo e foram para casa.
Procurada pela Folha de Pernambuco, a 99 informou, por meio
de nota, que recebeu o relato de Eliseu pelas redes sociais e, assim que tomou
conhecimento do ocorrido, baniu o motorista da plataforma. A empresa disse
ainda que está disponível para colaborar com as investigações e que tem uma
política de “tolerância zero” com qualquer tipo de discriminação.
Além disso, a companhia afirmou que está implementando
cursos para motoristas com foco em diversidade e cidadania. A Secretaria de
Justiça e Direitos Humanos também divulgou uma nota informando que a equipe
técnica do Centro Estadual de Combate à Homofobia (CECH) entrou em contato com
as vítimas.
Ainda de acordo com o texto, o CECH se colocou à disposição
para atendimento psicossocial e jurídico, esclarecimento de dúvidas e
acompanhamento do caso.
Fonte: Folha PE
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