iStock (Imagem ilustrativa)
Um estudo publicado em novembro deste ano e realizado pela
Universidade de Oxford (Inglaterra) com mais de 900 mulheres indicou que a
exposição ao ar poluído causa danos à memória devido a uma redução do tamanho
de seus cérebros. A pesquisa reuniu um grupo de 998 mulheres entre 73 e 87 anos
de idade e escaneou seus cérebros. A partir disso, as imagens foram comparadas
com cérebros de pessoas com a doença de Alzheimer.
Em entrevista, Diana Younan, pesquisadora que conduziu o
estudo, relata que os resultados indicaram uma "semelhança entre os
cérebros de mulheres que viveram em ambientes com exposição maior a poluentes e
cérebros de pessoas com a doença".
A partir disso, a conclusão do estudo foi que "a
exposição à poluição gera efeitos no cérebro semelhantes ao da doença de
Alzheimer, com redução da memória devido a um encolhimento da região do cérebro
responsável por essa função".
Confira, abaixo, a entrevista com a pesquisadora
Como a pesquisa foi feita?
Nós usamos dados de 998 mulheres da Iniciativa pela Saúde
Feminina que tinham entre 73 e 87 anos e havia dois registros do cérebro com
cinco anos de diferença. As imagens dos cérebros foram pontuadas a partir da
semelhança com os padrões da doença de Alzheimer usando uma ferramenta que
havia sido "treinada" para aprender esses padrões a partir das
imagens do cérebro de pessoas com Alzheimer. Isso significa que as imagens do
cérebro de mulheres com pontuação alta eram mais semelhantes as imagens do
cérebro de alguém com Alzheimer. Nós também reunimos informações sobre onde as
998 mulheres viveram durante o período do estudo, assim como informações do
ambiente nesses locais para estimar a exposição a partículas de poluição.
Quais foram os principais achados?
Quando todas as informações foram reunidas, nós vimos uma
associação entre exposição alta a partículas de poluição, mudanças no cérebro e
problemas de memória. Mais precisamente, as partículas de poluição estavam
associadas a mudanças físicas nos cérebros das mulheres e essas mudanças
estavam conectadas a um declínio na performance da memória, mesmo depois de
levarmos em conta diferenças na idade, raça, região, renda, educação, situação
empregatícia, hábitos de fumo, uso de álcool, atividade física e fatores de
risco cardiovascular.
Os resultados surpreenderam os pesquisadores?
Não, eles não nos surpreenderam. Pesquisas anteriores já
tinham sugerido que partículas de poluição aumentam o risco para a doença de
Alzheimer e demências relacionadas, mas não entendíamos como. O que nós não
sabíamos era se as partículas de poluição alteravam a estrutura do cérebro, o
que então acelerava o declínio da memória e então eventualmente levava à doença
de Alzheimer. Então, nós exploramos isso em nosso estudo. Nós descobrimos que
partículas de poluição estavam associadas a um declínio maior na performance da
memória e o "como" era por meio de alterações físicas do cérebro.
Entretanto, como esse é o primeiro estudo do gênero, combinando tanto dados
longitudinais de performance da memória e a pontuação de risco para a doença de
Alzheimer, nossos achados precisarão ser replicados.
Qual é a relação exata entre poluição e problemas na
memória?
O que nossa pesquisa mostrou é que a poluição no ar pode
estar alterando e diminuindo áreas do cérebro, o que leva a problemas de
memória.
Fonte: Notícias ao Minuto
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