Foto: STR / AFP
Cinco pessoas morreram nesta sexta-feira (20/12) durante
manifestações na Índia, que aumentam para 14 o número de mortes desde a semana
passada, quando começaram os protestos contra uma nova lei de cidadania considerada
discriminatória.
Vários pontos na Índia foram novamente cenário de confrontos
entre policiais e manifestantes durante protestos contra a lei considerada
discriminatória para com os muçulmanos. essas são as manifestações mais importantes desde a chegada ao poder do governo nacionalista hindu do primeiro-ministro Narendra Modi em 2014.
Nesta sexta-feira, os confrontos ocorreram em Lucknow,
capital do estado de Uttar Pradesh (norte), onde várias centenas de pessoas
foram presas quando se manifestavam, disse um jornalista da AFP.
Em muitos lugares neste país de 1,3 bilhão de habitantes, a
proibição de manifestação é mantida e, em alguns casos, as autoridades cortaram
o acesso à Internet.
A polícia instalou dispositivos de segurança em frente a
inúmeras mesquitas por medo de incidentes nesta sexta, quando é realizada a
tradicional oração muçulmana semanal. A lei que desencadeou os protestos, concede cidadania aos refugiados do Afeganistão, Paquistão e Banglades, mas apenas se eles não forem muçulmanos.
Seus críticos consideram isso discriminatório e contrário à
Constituição indiana.
A nova lei não afeta diretamente os indianos da confissão
muçulmana, mas eles temem discriminação após cinco anos de governo de Modi. Em Nova Delhi, a capital, a situação era tensa de maioria muçulmana de Old Delhi, der acordo com jornalistas da AFP.
Apesar da proibição de manifestação, cerca de 5.000 pessoas
se reuniram na saída da oração na grande mesquita Jama Masjid, sob obsrvação de
numerosos policiais. Alguns manifestantes carregavam uma enorme bandeira indiana de 30 metros de comprimento e gritavam "Liberdade, liberdade!".
Na quinta-feira, um manifestante foi morto por ferimentos a
bala em Lucknow, disse à AFP um médico que não quis se identificar. A polícia negou os disparos, mas o pai da vítima disse ao jornal Times of India que seu filho foi baleado ao passar pelo meio de uma manifestação quando fazia compras.
Além disso, 16 policiais ficaram feridos na cidade.
As forças de segurança também dispararam na quinta-feira
contra a multidão em Mangalore (sul) para dispersar uma manifestação de cerca
de 200 pessoas e mataram dois manifestantes, disse à AFP o porta-voz da polícia
Qadir Shah.
Quatro outros manifestantes foram hospitalizados por
ferimentos a bala.
Em um editorial muito crítico ao governo, o jornal The
Indian Express pediu nesta sexta que tudo seja feito para preservar a paz em um
país onde os muçulmanos representam 14% da população.
"A maior democracia do mundo não parece capaz de
aceitar jovens que discordam do poder. A Índia corre um alto risco se começar a
ser vista como um lugar onde os dissidentes sentem medo", afirmou o
jornal.
A ONG Anistia Internacional (AI) pediu na quinta-feira às
autoridades indianas que "cessem a repressão contra manifestantes
pacíficos que protestam contra uma lei discriminatória".
Fonte: Correio Braziliense
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