Major Olímpio, senador (PSL/SP). (Foto: Arthur Menescal/Esp.
CB/D.A Press)
Sem a alavanca de Jair Bolsonaro para impulsionar candidatos
nas eleições municipais de 2020, o PSL brigará para construir um rosto que seja
a marca da agremiação. A estratégia é competir por prefeituras com o maior
número possível de candidaturas majoritárias. Os principais estados são Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco.
Dono de um fundo eleitoral de R$ 202 milhões e de um tempo televisivo de 57
segundos diários, a legenda não descarta alianças. Já existem conversas com o
Democratas, na Bahia, e abertura para negociar com o Republicanos. A proibição,
claro, é a qualquer acordo com PT, PCdoB e PSol.
A principal aliança política deverá acontecer na capital da
Bahia, onde o partido apoiará Bruno Reis, candidato de ACM Neto, atual prefeito
de Salvador e presidente do DEM. O cientista político Cristiano Noronha, da
Arko Advice, destaca que o PSL apresentou um crescimento impressionante nas
eleições do ano passado, capitaneado pela imagem e pelos apoiadores do
presidente Jair Bolsonaro. A saída dele do partido resulta na perda de força,
de acordo com o especialista, mas mantém o crescimento frente ao pleito
municipal anterior.
“Em relação à última eleição municipal, a tendência é que o
partido cresça em 2020. A partir da candidatura e eleição de Bolsonaro, o PSL
teve uma votação expressiva, que rendeu uma boa fatia do fundo partidário.
Então, a sigla vem com mais recursos e tempo de TV neste ano. Agora, se a gente
for comparar com a expectativa, se o presidente ainda fosse filiado, deve haver
uma redução”, diz Noronha.
Para o estudioso, a saída do presidente da legenda causa
entraves regionais. “Nos principais centros urbanos, quem poderia se aliar ao
partido por conta de Bolsonaro pode mudar de intenção. Em São Paulo, por
exemplo, deve haver essa dificuldade”, completa o especialista. Por outro lado,
partidos de centro podem apoiar a legenda após o afastamento do chefe do Executivo.
Presidente do movimento político Livres, que surgiu no seio
do PSL, mas deixou o partido após a filiação da família Bolsonaro, o também
cientista político Paulo Gontijo é outro que acredita em um reposicionamento
mais próximo do centro. Ele destaca que a legenda não ocupará o campo
ideológico do bolsonarismo. “Serão mais pragmáticos. Teremos mais alianças com
partidos ideologicamente não alinhados ao presidente da República”, afirma.
Gontijo destaca como figuras mais fortes à pré-candidata a
prefeita de São Paulo (SP), deputada Joice Hasselmann, e provável candidato a
prefeito do Rio de Janeiro (RJ), deputado estadual Rodrigo Amorim. “Se não
investirem bem em bons quadros, vão encolher. Então, a tendência é lutar por
novas candidaturas. Eles perderam com a saída do Bolsonaro, que era a cara
deles. Agora, vão tentar ter um novo rosto. No Rio, Rodrigo Amorim é um nome
muito forte. Em São Paulo, tem a Joice. Em Recife deve ser alguém ligado ao
Bivar. Mas não vejo nenhum outro nome de expressão nacional para cargos
executivos neste momento”, avalia.
Presidente do diretório paulista do PSL, o deputado federal
Júnior Bozzella baixou uma resolução estadual determinando candidaturas
próprias em todas as cidades do estado. Qualquer aliança não conversada poderá
levar à destituição do partido no município. “Estamos indo às regiões para
orientar os trabalhos, ver de que forma o PSL vai aplicar sua energia. No plano
nacional, estamos fazendo um bom trabalho. Em 3 de fevereiro, teremos reunião
da Executiva Nacional com todos os presidentes estaduais para debater o plano
estratégico dos estados”, conta o dirigente.
Para dar relevância ao partido, o plano é promover grandes
eventos. Segundo Bozzella, a legenda organizará palestras sobre segurança
pública, saúde e educação, de acordo com a necessidade de cada região. A meta é
convidar especialistas nacionais e internacionais. “Conversando com os
presidentes estaduais, temos percebido que as coisas estão encaminhadas e, em
fevereiro, teremos um grande encontro”, afirma. O deputado destaca também que o
distanciamento do partido da família Bolsonaro e dos deputados dissidentes está
facilitando a conversa com outras agremiações.
O senador Major Olímpio (SP), outro nome de peso na legenda,
destaca que, apesar da saída de Bolsonaro, o número de filiados continua a
crescer. Segundo o parlamentar, a perda provocada pela desfiliação do
presidente e da campanha dos deputados rebeldes não diminuiu em mais que 50 o
número de filiados em São Paulo, por exemplo. Recentemente, a Gerência de
Tecnologia da sigla divulgou nota informando que o partido recebeu, desde
novembro, 14,8 mil novos pedidos de filiação em todo o país.
Além disso, lembra Major Olímpio, embora tenha rompido com o
partido de modo unilateral, o presidente da República auxiliará a legenda ao
sancionar o fundo eleitoral público de R$ 2 bilhões. Principalmente tendo em vista
a baixa possibilidade de o Aliança pelo Brasil estar legalizado, a tempo, para
participar das eleições municipais. “Eu torço para ele vetar (o fundão), mas
acho que não vai. O partido é a bola da vez. É a noiva. Todo mundo quer ter na
sua aliança o PSL como vice ou com sua chapa de vereadores. Mas, o interesse
principal do PSL é a eleição dos seus próprios quadros”, afirma o senador.
A meta é expandir a sigla, que, segundo o senador, resiste
com firmeza à crise com Bolsonaro e deve sofrer transformações nos próximos
anos. “Eu estou otimista com o PSL. O partido vai se fortalecer. Faz falta
demais para o partido a figura de Jair Bolsonaro, que impulsionou esse
crescimento exponencial. Mas, a saída das figuras que o cercam trará uma
sensação de alívio ao partido. Deixamos um perfil sectário, radical, para ser
um partido de direita, conservador nos costumes e liberal na economia,
equilibrado e mais respeitoso com os pensamentos políticos da sociedade. Uma
boa legenda para conservadores que não veem opção ao centro”, destaca.
Fonte: Diário de Pernambuco
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