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segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Análise: a raiva da imprensa une a todos

                  Bolsonaro e Lula/Montagem/R7

Comecei minha colaboração aqui no R7 dizendo que o centro só volta a ter relevância política no Brasil se virar posição de combate em duas frentes, à esquerda e à direita. Ontem, Lula fez uma coisa inesperada: concordou com Jair Bolsonaro. Foi a propósito da relação dos governantes com a imprensa.

Disse Lula: "Acho que tem crítica que ele faz que é correta… Neste país, muitos dos jornais, das revistas e alguns canais de televisão são tratados com a cabeça de propriedade privada e não com a cabeça de uma instituição que tem como objetivo informar. Informe corretamente e deixe o povo fazer julgamento! Eu tinha queixa, sim. Nós saímos de oito anos de pensamento único favorável ao governo Fernando Henrique Cardoso e passamos por um momento de oito anos de pensamento único contra o Lula."

Como o imperador romano Marco Aurélio, que também era filósofo, os políticos que pretendem ocupar uma posição entre os pólos do lulismo e do bolsonarismo deveriam estar dizendo que é ridículo surpreender-se com qualquer coisa que aconteça na vida. "E explicando por que a concordância entre Lula e Bolsonaro existe e o que há de perturbador nela. Salvo engano, estão todos falando de outra coisa. "

Talvez porque todo político tenha no fundo da alma, mais ou menos acorrentado, um odiozinho flamejante contra a imprensa. Sempre que fazem a necessária mesura à civilização, jurando defender a liberdade de expressão (que, aliás, não é exatamente a mesma coisa que a de imprensa), pensam ao mesmo tempo nas exceções que a limitam e em outras tantas que poderiam limitá-la um tantinho mais. O modelo radical dos americanos, no qual a imprensa só é punida, inclusive monetariamente, quando se comprova que fez uma publicação dolosa, não encontra defensores por aqui.

Para usar uma expressão à moda do presidente Bolsonaro, é difícil para os políticos aceitar a ideia de que nas democracias a relação entre o homem público e a imprensa é sempre um casamento ruim, num país onde não há divórcio.

* Carlos Graieb é jornalista e consultor. Foi secretário de comunicação do Governo do Estado de São Paulo (2017-2018)

Fonte: R7

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