Relator-geral do Sínodo da Amazônia, o cardeal d. Cláudio
Hummes afirmou nesta quarta-feira, 12, que a proposta de ordenação de homens
casados em áreas remotas será retomada pelo Vaticano. A medida, que mudaria as
circunstâncias de exigência do celibato, uma tradição da Igreja, ficou de fora
da exortação apostólica do papa Francisco, divulgada pela Santa Sé, apesar do
apelo feito pela assembleia de bispos em outubro do ano passado.
"Essa questão deverá ser trabalhada agora com o papa,
nas instâncias da Santa Sé. Será retomada", disse d. Cláudio Hummes.
"Esse pedido terá que ser elaborado e cumprido."
O relator-geral disse que o organismo eclesial anunciado
pelo papa a Amazônia, após o Sínodo, terá um papel importante na discussão, no
âmbito do Vaticano, sobre como realizar o ordenamento de padres casados em
áreas de escassez.
Segundo d. Cláudio, a igreja não pode deixar de se preocupar
em buscar uma solução para que os povos tenham acesso à eucaristia. "O que
edifica a Igreja é a assembleia eucarística reunida, isso é o que forma e
alimenta a Igreja", ressaltou.
O cardeal disse que o documento final do Sínodo, votado
pelos bispos em outubro e não citado pelo papa na exortação, "não vai para
a estante" e que a Igreja deve ser empenhar na sua aplicação. "Não
significa que, feita a exortação pós-sinodal, se possa incinerar o documento
final do Sínodo. Talvez se esperasse que fosse um decreto, o que não é próprio
da exortação", afirmou d. Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O bispo lembrou que o sumo pontífice determinou um estudo
para atualização de questões referentes ao ministério, cujo documento atual tem
mais de 50 anos.
Em resposta à falta de sacerdotes na região amazônica, em
vez de citar o pedido pelo ordenamento como padres de homens com família já
constituída, o sumo pontífice sugeriu dar ênfase ao trabalho missionário
itinerante e que diáconos permanentes, mulheres religiosas e leigos "assumam
responsabilidades importantes".
Fonte: Notícias ao Minuto
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