Foto: Hélia Scheppa
Às vésperas dos protestos convocados por Jair Bolsonaro para
o próximo dia 15, o governador Paulo Câmara (PSB) cobrou, nesta terça-feira
(11), que o presidente tenha bom senso e capacidade de dialogar com as
instituições. O pernambucano avaliou ainda como "difícil" a relação
entre o Planalto e o Congresso após a queda de mais de 12% na Bovespa e a
proximidade das manifestações de domingo. "A gente espera que haja um bom
senso por parte do presidente da República pelo momento grave que vive, não só
o Brasil, mas todo o mundo. É um momento que exige planejamento, sentar na
mesa, capacidade de diálogo, capacidade de juntar. E não de separar",
afirmou o governador, após o lançamento do programa Taça das Favelas, em
parceria com a Central Única das Favelas.
Um dia antes, diante do cenário de queda nas bolsas em todo
o mundo, aliados de Bolsonaro passaram a atuar internamente para que o
presidente voltasse atrás na convocação dos atos. A ideia era usar a
preocupação com o contágio do coronavírus para arrefecer os protestos que
buscam pressionar o Congresso e o Judiciário e melhorar o diálogo com os
parlamentares para facilitar a tramitação das reformas. Em Miami, contudo, o
presidente afirmou que o povo não quer que o Parlamento seja o dono do destino
de R$ 15 bilhões. "Se, até o dia 15, os presidentes, da Câmara e do
Senado, anunciem algo no tocante a dizer que não aceitam isso, acredito que
eles possam até botar um ponto final na manifestação", condicionou
Bolsonaro.
Para Paulo, Bolsonaro precisa ter compreensão das
dificuldades que o País enfrenta na economia. "É hora de sentar na mesa e
buscar o entendimento; seja com os estados, com os municípios, seja com as
instituições, seja com a sociedade civil. Ninguém está satisfeito com esse momento
pelo qual passa o Brasil. E espero que o governo entenda isso", ponderou.
Há dois dias, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB),
anunciou que determinou à equipe de governo que revisasse todo o planejamento
financeiro do Estado para 2020 "em face da gravidade do quadro econômico
nacional". Lá, um empréstimo feito em 2019 tem parcelas indexadas ao
dólar, que fechou o dia ontem a R$ 4,64. "Com esse descontrole cambial que
estamos assistindo, o valor das parcelas que pagamos passa a ter um peso ainda
mais terrível sobre as finanças públicas", explicou Dino.
Em Pernambuco, Paulo Câmara disse que tem acompanhado de
perto o momento econômico. "A gente tem muito planejamento. Então a gente
sempre trabalha com o cenário mais conservador. E estamos trabalhando nesse
cenário. O momento é de observação. Não há nenhuma medida a ser tomada por
enquanto em virtude de esperar observar os próximos dias e os próximos
movimentos. Hoje já houve uma certa melhoria na questão da flutuação do câmbio
e da bolsa. Vamos aguardar. Agora, todo governante tem que trabalhar com o
cenário mais conservador. Isso é o que a gente continua fazendo aqui. Atento a
esse ambiente econômico que está cada dia mais difícil."
Apesar de ter recebido o ex-ministro da Casa Civil, José
Dirceu (PT), para um jantar no Palácio do Campo das Princesas, na noite da
última segunda, Paulo negou que tenha conversado com ele sobre a aliança entre
o PT e o PSB em Pernambuco. "A gente recebeu ele aqui. Numa visita de
cortesia. Ele veio lançar o livro (Zé Direceu - Memórias Volume 1). E recebemos
ele aqui. Demos um abraço. Mas não avançamos em nada", indicou.
Fonte: Folha PE
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