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quarta-feira, 11 de março de 2020

Governador cobra bom senso de Bolsonaro no diálogo com Congresso

                  Foto: Hélia Scheppa

Às vésperas dos protestos convocados por Jair Bolsonaro para o próximo dia 15, o governador Paulo Câmara (PSB) cobrou, nesta terça-feira (11), que o presidente tenha bom senso e capacidade de dialogar com as instituições. O pernambucano avaliou ainda como "difícil" a relação entre o Planalto e o Congresso após a queda de mais de 12% na Bovespa e a proximidade das manifestações de domingo. "A gente espera que haja um bom senso por parte do presidente da República pelo momento grave que vive, não só o Brasil, mas todo o mundo. É um momento que exige planejamento, sentar na mesa, capacidade de diálogo, capacidade de juntar. E não de separar", afirmou o governador, após o lançamento do programa Taça das Favelas, em parceria com a Central Única das Favelas.

Um dia antes, diante do cenário de queda nas bolsas em todo o mundo, aliados de Bolsonaro passaram a atuar internamente para que o presidente voltasse atrás na convocação dos atos. A ideia era usar a preocupação com o contágio do coronavírus para arrefecer os protestos que buscam pressionar o Congresso e o Judiciário e melhorar o diálogo com os parlamentares para facilitar a tramitação das reformas. Em Miami, contudo, o presidente afirmou que o povo não quer que o Parlamento seja o dono do destino de R$ 15 bilhões. "Se, até o dia 15, os presidentes, da Câmara e do Senado, anunciem algo no tocante a dizer que não aceitam isso, acredito que eles possam até botar um ponto final na manifestação", condicionou Bolsonaro.

Para Paulo, Bolsonaro precisa ter compreensão das dificuldades que o País enfrenta na economia. "É hora de sentar na mesa e buscar o entendimento; seja com os estados, com os municípios, seja com as instituições, seja com a sociedade civil. Ninguém está satisfeito com esse momento pelo qual passa o Brasil. E espero que o governo entenda isso", ponderou.

Há dois dias, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), anunciou que determinou à equipe de governo que revisasse todo o planejamento financeiro do Estado para 2020 "em face da gravidade do quadro econômico nacional". Lá, um empréstimo feito em 2019 tem parcelas indexadas ao dólar, que fechou o dia ontem a R$ 4,64. "Com esse descontrole cambial que estamos assistindo, o valor das parcelas que pagamos passa a ter um peso ainda mais terrível sobre as finanças públicas", explicou Dino.

Em Pernambuco, Paulo Câmara disse que tem acompanhado de perto o momento econômico. "A gente tem muito planejamento. Então a gente sempre trabalha com o cenário mais conservador. E estamos trabalhando nesse cenário. O momento é de observação. Não há nenhuma medida a ser tomada por enquanto em virtude de esperar observar os próximos dias e os próximos movimentos. Hoje já houve uma certa melhoria na questão da flutuação do câmbio e da bolsa. Vamos aguardar. Agora, todo governante tem que trabalhar com o cenário mais conservador. Isso é o que a gente continua fazendo aqui. Atento a esse ambiente econômico que está cada dia mais difícil."

Apesar de ter recebido o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu (PT), para um jantar no Palácio do Campo das Princesas, na noite da última segunda, Paulo negou que tenha conversado com ele sobre a aliança entre o PT e o PSB em Pernambuco. "A gente recebeu ele aqui. Numa visita de cortesia. Ele veio lançar o livro (Zé Direceu - Memórias Volume 1). E recebemos ele aqui. Demos um abraço. Mas não avançamos em nada", indicou.

Fonte: Folha PE

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