Leandro Villa e Daniel Farias, protagonistas da peça. (Foto:
Flora Negri/Divulgação)
"Que Deus sou eu?", questiona o diretor pernambucano
João Falcão no título do seu novo espetáculo. A montagem, livremente inspirada
na obra do Bhagavad Gita, um livro hindu sagrado, narra o encontro entre
Krishna (Leandro Villa) e Arjuna (Daniel Farias) no campo de batalha.
"Arjuna, um guerreiro, é preparado a vida inteira para resgatar o trono.
Na hora da guerra, ele não quer mais, ‘amarela’, por temer matar as pessoas que
conhece. Felizmente, tem o amigo e sábio Krishna, que está ao lado dele, e a
peça é guiada pela conversa entre os dois", explica João, que passeia, em
cena, entre o passado e o presente com tons de humor e filosofia. O espetáculo
será apresentado neste sábado (14) e domingo (15), no Teatro Santa Isabel, no
Centro do Recife.
Mais do que o encontro, a peça reflete sobre o autoconhecimento
e a insegurança de seguir em frente em situações decisivas. "É uma
discussão sobre o que fazer, sobretudo quando se quer muito uma coisa, e na
hora ter dúvidas. É quase uma história de aventura dentro de uma situação
emblemática para falar de ser feliz, de buscar compreender o que ele próprio
espera de si e que Deus é esse que está dentro dele", conta o diretor,
cujo último trabalho apresentado no Recife foi há três anos, com o espetáculo
Dorinha, meu amor.
Que Deus sou eu é uma nova versão de Dhrama, lançada por
João Falcão em 2007, com o mesmo texto e com Alinne Moraes no papel de Krishna.
"Eu me sinto mais preparado do que em 2007, tenho estudado muito o tema e
tenho mais experiência de vida. Mudou também a estética e os atores. Krishna é
um Deus com muita beleza, o fiz mulher no primeiro espetáculo e agora um
homem", explica. A trilha sonora foi composta por Rico Viana especialmente
para o espetáculo.
Leandro Villa e Daniel Farias, protagonistas da peça. (Foto:
Flora Negri/Divulgação)
Muito mais ao acaso, o diretor viajou para Salvador, há dois
anos, e o que seria apenas um passeio rendeu a ideia da nova montagem, com
novos protagonistas e uma relação diferente com a religiosidade. "Na
Bahia, as pessoas falam de Deus e religião na mesa do bar, está no cotidiano. A
música lá é até meio gospel, eles têm uma maneira mais próxima de tratar Deus.
Então, foi um momento de me dedicar à espiritualidade, e a filosofia não deixa
de ter a relação com religião", afirma. "A gente está precisando de
força individual e paz para se juntar e virar uma sociedade mais fraterna.
Divindade e humanidade são coisas muito próximas. É isso que eu quero
mostrar."
Pernambucano, Falcão vem ao Recife anualmente para visitar a
família e se conectar com a cidade. “Eu morava em uma usina de cana de açúcar
em Tiúma, em São Lourenço da Mata, e lá era tudo muito rural. Entre os 10 e 13
anos, comecei a fazer viagens diárias para estudar no Recife. Era a cidade
grande que eu sonhava, mas eu me sentia um estrangeiro, acho que até hoje ainda
sinto e fico querendo conquistar”, conta o artista, que passou a morar
efetivamente no Recife aos 13 anos, cursou arquitetura e seguiu os primeiros
passos no teatro com o musical Muito pelo contrário (1981), autoral e distante
das formalidades. Atualmente, mora em Salvador, depois de viver anos no Rio.
Com quase quatro décadas de carreira e mais de 40 peças, João Falcão é uma
referência do teatro no país, destacando-se, ainda, na televisão e no cinema.
SERVIÇO
Que Deus Sou Eu, de João Falcão
Quando: sábado, às 20h, e domingo, às 19h.
Onde: Teatro de Santa Isabel (Praça da República, 233, Santo
Antônio).
Quanto: R$ 80 (inteira), R$ 50 + 1 kg de alimento (social) e
R$ 40 (meia).
Fonte: Diário de Pernambuco
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