O crescente surto de Covid-19 e o medo de contágio têm
gerado a divulgação de informações falsas, sobretudo na Internet e nas redes
sociais, que apontam várias dicas de saúde – sendo que umas são inofensivas
enquanto outras podem ser realmente perigosas.
Nesse sentido a BBC Monitoring analisou algumas das
recomendações mais divulgadas e o que a ciência tem a dizer sobre as mesmas.
1. Alho
Inúmeras publicações partilhadas no Facebook aconselham
comer alho para prevenir infeções, incluindo de coronavírus.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que, embora seja
"um alimento saudável que possa ter algumas propriedades
antimicrobianas", não há provas de que comer alho possa proteger as
pessoas do novo coronavírus.
O jornal South China Morning Post divulgou a história de uma
mulher que foi internada no hospital após ter ingerido 1,5 kg de alho cru e por
esse motivo ter ficado com a garganta gravemente inflamada.
É do conhecimento geral, que comer legumes, fruta e beber
água faz bem à saúde e aumenta a imunidade. Todavia, não há quaisquer
evidências de que alimentos específicos ajudem a combater o Covid-19.
2. 'Minerais milagrosos'
Jordan Sather, um youtuber que conta com milhares de
seguidores, afirmou que um "suplemento mineral milagroso", chamado
MMS, é capaz de "eliminar" o novo coronavírus.
“O dióxido de cloro (também conhecido como MMS) não é apenas
é um matador eficaz de células cancerígenas, mas também pode eliminar o
coronavírus", disse.
No ano passado, a agência governamental norte-americana Food
and Drug Administration (FDA) alertou sobre os perigos para a saúde de beber
MMS. As autoridades de saúde de outros países também emitiram alertas a esse
respeito.
A FDA diz que "não tem conhecimento de nenhuma pesquisa
que mostre que esses produtos são seguros ou eficazes para tratar qualquer
doença". Alertando que consumir o produto pode causar náuseas, vômitos,
diarréia e sintomas graves de desidratação.
3. Beber água a cada 15 minutos
Uma publicação, copiada e publicada por milhares de usuários
do Facebook, cita um "médico japonês" que recomenda beber água a cada
15 minutos para eliminar qualquer vírus que possa ter entrado pela boca. Uma
outra versão em árabe foi compartilhada mais de 250 mil vezes.
Sally Bloomfield, professora na Escola de Higiene e Medicina
Tropical de Londres, refere à BBC que não há provas científicas de que tal seja
de todo verdade.
A especialista salienta que os vírus transmitidos pelo ar
entram no corpo através do trato respiratório quando inalados. Alguns deles
conseguem entrar pela boca, mas beber água constantemente não irá impedir que
seja infectado.
4. Calor e evitar tomar sorvetes
Algumas dicas nas redes sociais sugerem que o calor mata o
vírus e recomendam beber água quente, tomar banhos quentes ou usar secadores de
cabelo.
Uma publicação, copiada e partilhada por dezenas de
indivíduos nas redes sociais de diferentes países, e atribuída falsamente a
ONU, afirma que o consumo de água quente e a exposição à luz solar matam o
vírus e desaconselha comer sorvetes.
Charlotte Gornitzka, da ONU, diz: "É uma mensagem falsa
que surgiu na Internet... que afirma ser um comunicado da Unicef e parece
indicar que evitar sorvetes e outros alimentos frios pode ajudar a prevenir o
aparecimento da doença. Isso, é claro, é totalmente falso."
"Sabemos que o vírus da gripe não sobrevive muito tempo
fora do corpo durante o verão, mas ainda não sabemos como o calor afeta o novo
coronavírus".
"Aquecer o corpo para eliminar o vírus é completamente
ineficaz", de acordo com a professora Bloomfield.
Quando o vírus entra no organismo, não há como matá-lo: o
corpo terá que combatê-lo. Fora do corpo, "são necessárias temperaturas de cerca de 60 graus Celsius para matar o vírus", afirma Bloomfield.
Fonte: Notícias ao Minuto
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