A Polícia Federal (PF) realiza uma operação, nesta
quinta-feira (28), que investiga irregularidades na aquisição de 500
respiradores pulmonares pela Prefeitura do Recife. Um dos mandados de busca e
apreensão foi cumprido na Secretaria Estadual de Saúde (SES), localizada na
sede da Prefeitura do Recife. A ação é feita em conjunto com a Controladoria
Geral da União e o Ministério Público Federal.
As investigações apontam que empresas com débitos com a
União superiores a R$ 9 milhões se utilizaram de uma microempresa fantasma,
constituída em nome da ex-companheira do verdadeiro proprietário, uma vez que
firmas com débitos fiscais ou previdenciários não podem firmar contratos com
entes da administração pública. Policiais confirmaram que a firma contratada
não existe em seu endereço de cadastro, além de não ter funcionários ou bens em
seu nome.
O valor total
contratado com a Prefeitura do Recife ultrapassava o patamar de R$ 11 milhões,
enquanto a empresa fictícia tinha um suposto capital social de apenas R$ 50 mil
e não poderia faturar mais que R$ 360 mil por ano.
A empresa entregou 35
respiradores à Prefeitura do Recife, mas o contrato foi desfeito em 22 de maio,
um dia após o Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPCO) anunciar o
pedido de instauração urgente de auditoria para apurar a compra de respiradores
pelo município. A empresa em questão é a Juvanete Barreto Freire, representante
do fabricante dos respiradores, a Bioex.
A PF diz que chama atenção o fato dos respiradores não terem
sido utilizados apesar de estarem há semanas em posse da Secretaria Estadual de
Saúde. A pasta informou que a fornecedora não comprovou a homologação da Anvisa
e que esperava essa confirmação para usar os equipamentos.
De acordo com a PF, os aparelhos, até o início de maio,
quando já haviam sido entregues à prefeitura, só teriam sido testados em
animais. O teste em um porco foi divulgado nas redes sociais e ocorreu em 4 de maio.
O MPCO identificou que a Juvanete Barreto Freire não teria
capacidade de realizar uma venda de quantidade tão expressiva de respiradores
por ser uma microempresa individual, sem experiência anterior. A firma foi
aberta em outubro de 2019.
A primeira fase desta
operação, intitulada Apneia, foi realizada em sigilo na última segunda-feira
(25). Foi constatado que, dos 35 respiradores recebidos pela empresa
fornecedora, apenas 25 se encontravam em depósito, tendo os demais sido
comercializados. Há indícios de que um dos aparelhos tenha sido adquirido por
prefeitura do interior do estado pelo triplo do valor que constava no contrato
com a Prefeitura do Recife. A Justiça Federal determinou que os respiradores
encontrados pela PF não sejam comercializados ou transportados para outras
localidades até a realização das auditorias pertinentes.
Segundo a PF, foram realizadas diligências em São Paulo e
Pernambuco. no Recife, também foi cumprido um mandado de busca no bairro do
Espinheiro, na Zona Norte da capital. As buscas realizadas no Recife tinham
como alvo um dos investigados, cujo nome não será divulgado, e a Secretaria
Estadual de Saúde. Não houve prisões.
Os envolvidos podem
responder por dispensa indevida de licitação, uso de documento falso, sonegação
fiscal e previdenciária, e associação criminosa.
A Prefeitura do Recife, por meio de nota, confirmou a busca
e apreensão na Secretaria Estadual de Saúde, onde agentes apreenderam um
telefone celular. A gestão informou que a compra referida na investigação foi
cancelada e o único valor pago, de R$ 1,075 milhão já foi devolvido pela
empresa no último dia 22. "Portanto, não há possibilidade de haver
qualquer prejuízo à Prefeitura do Recife.
Todos os procedimentos da Secretaria de Saúde estão sendo realizados
dentro da legalidade e todos os processos de aquisição da pandemia estão sendo
enviados, desde abril, por iniciativa da própria Prefeitura, ao Tribunal de
Contas do Estado (TCE-PE)", diz nota.
Na última sexta-feira
(22), a PF oficiou a SES para que apresente documentação da aquisição de
máscaras cirúrgicas, toucas, aventais descartáveis e cama hospitalar após
dispensa de licitação que supera R$ 15 milhões. Levantamentos preliminares da
CGU indicam que o valor licitado é aproximadamente 53 vezes maior que o capital
social da empresa contratada, gerando dúvidas quanto a capacidade operacional
de arcar com o contrato firmado.
Fonte: Portal PE10
Nenhum comentário:
Postar um comentário